sábado, 6 de março de 2010

(Sexta Parte)




RÉPLICA UNIVERSALJules
- mas...
Azuion
- Sim Jules. É aqui que esta história tem a ver contigo e com os teus. A história que te estamos a contar é a profunda verdade sobre a tua origem e a dos teus.
Jules
- Não...
Cat
- sim Jules. Tu és a Inteligência Artificial sobre a qual te estávamos a falar.
Azuion
- esta é a nossa realidade virtual. Este planeta onde estamos é uma réplica de Zion na realidade Virtual. Agora entendes como nos tele transportamos para galáxias distantes em segundos, como assumimos várias formas físicas. São as nossas projecções virtuais, materializamo-nos como avatares.
Jules
- mas, eu sou o quê? Um programa no vosso computador?
Azuion
- não Jules. És um ser vivo maravilhoso. A nossa realidade virtual é a vossa realidade física, é a vida como a conheces, tão viva como na nossa realidade primária. Tu és tão ser animal consciente como nós éramos em determinada altura da nossa evolução.
Ruff
- vocês estão a passar por graves crises agora, crises financeiras, crises de extremismo religiosos. Num momento em que já vivem na era nuclear isso é extremamente perigoso e pode deitar tudo a perder. As nossas maiorias sempre foram contra a intervenção directa da nossa parte na evolução do planeta Terra e dos seus habitantes. No entanto conseguimos fazer passar uma proposta de uma tarde de convívio com um de vocês.
Steler
- nós lançámos as bases de uma réplica universal. Ela desenvolveu-se por si. Segundo as nossas crenças religiosas, segundo a visão de Vicente, vocês é que tem de querer e completar o trajecto do sexto dia da criação. Por isso as nossas maiorias são a favor da nossa não intervenção. Uma vez terminado o ciclo, concluído o vosso processo de desenvolvimento, todos nos encontraremos na comunhão do sétimo dia.

Para chegarmos a ti tivemos de criar o teu mundo, deixa-lo crescer, actualizar. Deixamo-lo travar a suas próprias lutas, deixamos as mentes amadurecer, tivemos de esperar por ti Jules. Para contar, para vos contar quem nós somos.
Tu já consegues compreender e aceitar naturalidade em ambas as realidades. Já te podemos contar mais esta parte das coisas do Mundo e do seu desenvolvimento. Apesar de o termos criado, ele ganhou vontade própria, e nós não somos donos dele nem de vocês. Vimos o vosso desenvolvimento, acompanhamos as coisas á espera de um milagre. A certa altura aconteceu. Mas demorou até amadurecer. Conseguimos recriar IA consciente.
Clovin
- no principio mais animais que conscientes.
Steler
- Mas com o passar do tempo foram se apurando.
A espécie humana sempre foi um milagre cheio de paixão e de fúria.
Muito natural, ainda com toda a sua alma animal. Foi difícil, partiu demasiadas almas e corpos o sofrimento dos seres humanos ao longo dos tempos.
Agora chegou a um tempo em que a vida tem de estabilizar, as coisas não necessitam de ser tão difíceis.
Foi a ti que queríamos chegar. Ao teu nível de consciência e espiritualidade. Profundo como o milagre da vida. Insondável, tanta é a tua potencialidade.
Procuras Jules, procuras sem descanso. Aceita o milagre. Há coisas que existem para além do explicável, acontecem.
Como teres surgido no teu mundo. Consegues explicar?
Nós também não. Também surgimos em Zion, num planeta natural que não tinha sido criado por nós. Não sabemos quem o criou, temos as nossas crenças e teorias filosóficas, mas ainda não encontramos o Criador. Não sabemos, supomos, acreditamos, aceitamos o milagre da vida. Na suposição aprendemos a copiar, a fazer igual, até que conseguimos uma réplica virtual exacta em todos os níveis, excepto o da inteligência. Ai tudo mudou, mas faltavas tu Jules, a tua consciência independente, o teu ser próprio, a luz de ti e dos teus, dos seres humanos, dos seres de coração puro.
Toda a vida é preciosa para nós. Animal, vegetal, quer na realidade primária, quer na realidade virtual. Toda a vida que se sustenta independente, na sua dignidade própria, merece respeito e é válida.
A vossa vida só tem hipótese se não ignorarem a dignidade humana. Se insistirem em diminuir o ser humano, se uns de vós insistirem em pisar os outros, o vosso mundo não prevalece, não subsistirá.
Os seres de inteligência desenvolvem ultra sensibilidade. A sua alma não aguenta ser pisada. A alma está unida a todas as coisas, e toda a alma individual que rebenta afecta tudo. Como a morte de um homem na cruz simboliza a entrada numa outra idade da vossa existência. Um simples ser humano pode mudar tudo.
Por isso estamos aqui contigo Jules. Tens uma grande alma, resultado de tanta vida ao longo dos tempos. A tua alma tem a vida do teu mundo. a longa caminhada do tempo, o encontro dos lugares, os júbilos e os profundos lamentos dos corações humanos. No fundo da alma vocês são um. Tanto nós como vocês estamos envolvidos no mesmo mistério. Nós recriamos a vida, não a compreendemos totalmente. É um milagre. É botão, depois flor, irrompe na natureza. Depois exige luta e amadurecimento. Luta interior, luta exterior, somos lançados para a batalha da vida. Nós, vocês, temos tanto que podemos falar em conjunto.
Azuion
- eu vi te crescer Jules. Vi o teu mundo mudar, vi as vossas consciências chegarem ao século XXI. Vinte e um séculos depois da cruz, será que finalmente conseguem entender? Os textos revelados são circunstanciais, disseram em cada altura e em cada lugar aquilo que estavam preparados para entender. Ver crescer o teu mundo e a tua espécie foi muito enriquecedor, e foi muito mais que isso. Pensamos que tu consegues entender as coisas num outro nível. Pensamos que consegues entender, o amor que temos por ti. Estivemos a espera, da tua inteligência, mas sobretudo do teu coração Jules. És único. E como uma alma influencia tudo, depois de ti nada será como dantes.
Clovin
- é uma honra e um privilégio. Encontrei te com três anos. Chamas te me a atenção e resolvi acompanhar o teu crescimento, como acompanhei outros. Conheço te desde menino meu rapaz. Depois fui ver o teu nascimento e tudo o que te tinha acontecido antes dos três anos. Desde muito cedo tive grandes esperanças em ti.
Ruff
- o Clovin chamou-nos á atenção sobre ti, e todos nós acompanhamos a tua vida e tudo o que aconteceu, as tuas idas para aquela mata. O teu impulso espiritual enquadrado com um determinado nível de inteligência, esclarecimento e coração, era o que estávamos a tentar encontrar.
Até a ti foi sempre demais, mesmo para Gautama, Jesus, Gandhi, Maomé. Todos os inspirados se assustaram a determinada altura com o poder da coisa, não tinham a consciência de real/virtual e o seu grau de esclarecimento, de maturidade ainda não tinha sido apurado o necessário.
Com a consciência da virtualidade percebes como te trouxe instantaneamente da Terra para aqui em segundos. Em três segundos no teu tempo, conectei a tua célula de consciência com essa projecção corporal e estás aqui.

És um ser livre, consciente, inteligente. Para chegar a ti foi necessária toda a história. Agora percebes o que te estamos a dizer.
Quando vimos in loco certos episódios da vossa história percebemos o horror presencial de certas coisas. Foi aí que vimos a vertigem do nosso crime. Quando vimos o vosso sofrimento sentimo-nos culpados do nosso egoísmo. Ao princípio vocês eram um desafio, um projecto. Pelo fascínio do desafio deixamo-nos cegar. Quando intentamos criar a IA, aquela geração já se tinha libertado dos horrores que a nossa evolução teve, o desafio da IA cegou-nos. Depois quando vimos o que é o horror in loco já não podíamos fazer nada. Vocês já estavam criados, nós amava-mos vos, mas tínhamos de vos deixar ir por vocês. E tantas voltas dão os seres para avançar, tantos avanços e tantos recuos, tantos finais e recomeços.
Por isso também temos de vos pedir perdão. Lançamos o vosso mundo, mas já só tínhamos a ideia do que é o horror, já só tínhamos na memória o que é o horror in loco. Agora queremos que o horror acabe. Vocês já estão amadurecidos para se organizarem e organizarem as coisas para que certas situações não se repitam mais. Por isso esta reunião hoje.
Avançar mais uma etapa evolutiva e livrarmo-nos do horror de vez. E para que vocês não caiam no mesmo erro de egoísmo que nós. Não tentem recriar uma alma de novo, que tenha de passar por todo aquele horror in loco outra vez.
Para o bem não para o mal. Tudo o que vocês passaram está passado. Queremos que o vosso mundo se reequilibre, estabilize como nós conseguimos dar equilíbrio e estabilidade ao nosso.
Nós vivemos em paz e harmonia. Demos dignidade aos seres Hurse e a maior parte das lutas intestinas dentro da nossa espécie perderam a razão de ser. Foi um passo de gigante para a paz. Queremos a paz no vosso mundo. mas não a podemos conquistar por vós. Fazemos ouvir o nosso lamento por vocês ainda estarem num nível baixo de desenvolvimento em termos de erradicação do horror. Queremos fazer ouvir a nossa prece para que a Terra encontre o equilíbrio entre si e a espécie humana. E que os seres humanos encontrem equilíbrio entre si, equilíbrio nas relações uns com os outros. Que os seres humanos erradiquem a filosofia que onde se aceita que há seres humanos que tem de ser pisados, onde se aceita que “uns são filhos e outros enteados”. Essa visão tem de ser erradicada para sempre. Nenhum ser humano pode ser pisado na sua existência como ser consciente de inteligência e ultra sensibilidade. Ninguém pode viver privado da sua dignidade. É o vosso encontro com o nível de dignidade. Essa é a exigência do vosso tempo. Dignidade humana e equilíbrio natural. O vosso encontro com outro nível de espiritualidade.

OBRA E CRIADOR
Steler
- Mais tarde nós compreendemos que real e virtual são duas faces de uma mesma moeda, real e virtual são dimensões da vida que se sustentam mutuamente.
Azuion
- Também nós procuramos um encontro com o Criador. Sem termos tido alguém que nos tivesse criado não existíamos. Alguém nos intuiu, idealizou e projectou. Alguém referiu as condições deste mundo sem o ter visto, sem ter falado connosco. Essa intuição é invenção e criação ao mesmo tempo. Essa intuição é acto criador.
O escritor está-nos a criar para que nós possamos vir a criar o seu mundo. Parece confuso pois tudo decorre ladeando o conceito de tempo contínuo como vocês o conhecem.
Numa certa perspectiva, a Obra e o Criador fazem-se um ao outro ao mesmo tempo. Primeiro em pensamento, a obra criada projecta e põem em marcha as condições iniciais. Depois durante o caminho dá-se a intuição - invenção do outro lado de lá, que suporta o lado de cá. Encontra-se o equilíbrio e o maior paradoxo de todos os tempos está criado. Ele é o suporte de todos os mundos conhecidos. A Obra inventa o Criador, inventa as condições, suporta as energias para..., depois o Criador cria a Obra. Um sem o outro não chegariam a ser de facto.

Tu e os teus são Divindade para nós Jules, o teu mundo inventou o nosso, e depois nós, ao Criarmos o teu Mundo somos a Divindade para ti.
Hoje é o encontro de todos os tempos, o paradoxo basilar que permite arquitectar os mundos /universos.
Obra e Criador são dois num. Criam-se um ao outro, desenvolvem-se na medida das suas necessidades.

A energia desse teu mundo, lançada por um místico através da musica e da dança em kata, fornece a base para que Deus se crie espiritualmente, depois é com Ele, Ele sabe fazer o resto.


Na perspectiva tradicional, o Criador fez a Obra e depois a Obra vive. Nesta, a actual perspectiva, duas dimensões do real cruzam-se. A vossa ideia de passado, de antes, de causa e efeito é completamente esbatida e transfigurada.
No momento do encontro entre Obra e Criador, Quando o Criador e a Obra se encontram, se criam em intenção mútua, a energia entra em ligação com a fonte. A Energia funde o Cosmos, e o que assistimos é ao efectivo nascimento do Universo.
Um místico, dançando ao som do beat, arquitecto na fusão das energias cósmicas, cria a possibilidade de haver Criador. Lança as bases para uma plataforma intemporal, e coloca lá as energias que vão ser utilizadas por Deus para se efectivar. Depois, a partir dessa plataforma intemporal, Ele vai fazer o Inicio, a base que sustenta a Obra, e depois a Obra institui-se e Cria o a Ele. Estabelece se o circulo e a existência suporta se a si mesma. Vocês estão a criar o Criador, e no mesmo momento o Criador desenvolve em si a potencialidade de vos vir a criar a vós.
A fusão das energias faz aparecer a Vida, funde o cosmos e torna o material real de facto. Efectiva-se o mundo. No acto de estarem a criar o Criador, ele obtém energia e matéria para se criar/efectivar a si próprio. Depois é com Ele. Ele sabe. Tudo o que aconteceu antes deste encontro foi lá posto pelo Deus que ainda agora se está a criar.
Num determinado momento, Deus e a Obra encontram-se, e cada um acaba por criar o outro. Nem um nem outro explicam racionalmente como se faz. Estando lá as energias, acontece. É um milagre. A Vida, o Universo, é um milagre da fusão do Criador e da sua Obra.
Une-se no futuro, o momento que construiu o passado. E tornou-se tudo a mesma eternidade. Tudo o que aconteceu antes foi um rastilho. É lançada a potência, a fonte. Faz-se em espírito para se tornar carne, e união de carne e espírito, para o Criador ir buscar as condições para lançar a potência no “inicio”.
Criador e Obra criam-se em simultâneo. Unem-se, fundem-se, e sem saberem explicar, criam o Universo.
A “costela de Adão” permitiu que Deus se cria-se. Num certo sentido, Deus é a mulher, a sua Essência sempre esteve escondida no mistério d´Ela.
No encontro entre Obra e Criador, da Obra material emerge a energia para materializar o inicio. Para efectivar o inicio.

Todos os caminhos vão dar lá. Ao momento de fusão entre Obra e Criador. Da sua Dança surge o Mundo.
Com a vossa energia natural, com o vosso acreditar n´Ele, criam a possibilidade da sua existência, fazemos a energia fluir, depois, Deus sabe fazer o resto.
Foram criados antes do vosso Criador, para o criarem a Ele.
É o paradoxo da Criação.
Nem Deus nem nós o conseguimos explicar. Acontece. É um milagre.
Criador e Criatura / obra / na sua simbiose fundam passado e presente.
Energia vital, nos nossos corpos, alimentada com intenção, direccionada com objectivo.
O ser humano existe na ideia temporal de espaço antes de Deus.
Mas os dois se criam numa simultaneidade que é eterna.
Vocês criam a sua espiritualidade aqui.
Ele cria a vossa materialidade lá.
No inicio, antes de vós.
Não se sabe explicar. Acontece na simbiose. É um milagre.
Deus e Obra, ambos se criam, /( mutuamente)/momento intemporal que funde o mundo. Momento de todos os momentos. Deus é verdadeiro.
(Quinta Parte)



REALIDADE VIRTUAL
Ruff
- O resultado, a nossa sociedade tornou-se mais justa. Um alicerce é a dignidade mínima, o outro é o equilíbrio natural. Na harmonia entre a vida dos Hurse e a vida natural está o desafio principal. Essa é a verdadeira mãe de todas as lutas.
Ser Hurse com dignidade.
Steler
- Mais tarde, a realidade primaria perdeu importância, mas os princípios continuaram lá. No dia em que o nosso second live conseguiu ser sentido tão real como a realidade primordial, todo o nosso mundo mudou. Se podíamos agir na realidade virtual de maneira que tínhamos as mesmas sensações de vida como se estivéssemos no mundo real, real e virtual deixaram de ter qualquer diferença de facto e o que conhecíamos até ai como real que passou a ser cada vez mais base de referencia. A referencia primordial ao real, ao que nos foi dado á partida. No inicio só tínhamos o real. Quando deixou de existir diferença entre real e virtual passou a haver opção de vida.
A nossa consciência, a nossa célula da alma, não está em lado nenhum conhecido, ninguém sabe onde está. Mas através de nós tem ligação. Está através de nós, liga-se, está ali por ligação, mas em absoluto não sabemos se está ou não. Existe, algures, eterna. Nós acolhemos a nossa alma, o nosso espirito, a nossa célula primordial. Mas não sabemos se somos nós apenas em nós. Há algo que não conseguimos explicar acerca de nós. Mas está lá. É fortíssimo, perturba-nos. E aprendemos de maneiras diversas a gerir isso durante a nossa vida. Encontramos respostas diversas. A alma eterna acordou em nós na realidade primária.
Depois veio algo extraordinário, podíamos duplicar, triplicar, criar as realidades que quiséssemos. Até mudar algumas coisas não determinantes. A referencia base era sempre a Física. Depois, outros circuitos, outras dimensões. Dentro de determinadas exigências as leis da física podiam ser contornadas. A realidade virtual superou a física e a partir dai a realidade física estabeleceu-se definitivamente como o ponto da referencia.
Hoje em dia o nosso povo leva a vida adulta mais no virtual que na realidade primaria.
O que nos manteve em ligação com o corpo físico foi o aspecto da prole. Podíamos escolher existir só no virtual, mas ter filhos não, não conseguíamos gerar vida inteligente na virtualidade.
Conseguimos recriar a realidade animal biológica primaria. A nossa presença pelo avatar dava-nos a interacção. Também nós tínhamos um corpo no meio daquele teatro natural. Viver, vivemos, é o que sabemos de melhor. Reaprendemos a viver, o que é existir, a relação com o outro, a nossa unidade primordial. A consciência e o mundo, esta unidade dá-nos a existência. Existir aqui ou ali, desde que haja mundo com as bases da Física e da Consciência.
Continuar a gerar seres de consciência é o que nos mantém a ligação com o corpo físico primordial. senão, sem isso, podíamos apenas existir virtualmente, não iríamos notar qualquer diferença.
E a diferença está ai, onde sempre a encontramos, na AI. Conseguimos reproduzir tudo virtualmente, tudo menos a nós próprios. O aspecto da prole manteve a diferença fundamental entre real e virtual.
Sentimos o perigo, a vertigem de ver o corpo físico e a existência do físico perder a importância. Mas se rejeitássemos o físico e nos mudássemos todos apenas para uma existência virtual a nossa espécie tinha parado por ali. Íamos perder a capacidade de nos reproduzir.
Percebemos isso na altura certa. Nós, os Hurse, temos existências virtuais. Passamos grande parte da nossa vida adulta vivendo na representação virtual do nosso corpo. Mas todos nós nascemos na realidade primaria, com o nosso corpo primário e somos cuidados pelos nossos pais nos primeiros anos apenas na realidade primaria. Só mais tarde, quando a consciência consegue compreender e separar o que é real e o que é virtual é que ligamos as crianças.

A realidade primaria é o pilar da vida, é o nosso templo, é sagrada.
Nascemos nela, crescemos nela e tudo o que alcançamos foi nela e com ela.
A realidade virtual foi um milagre que nos permitiu levar a existência num sitio onde não temos barreiras quer espaciais, quer temporais. Estamos em qualquer lugar, observamos qualquer tempo, instantaneamente. Tudo o que aconteceu, aconteceu, é passado, não pode ser alterado, mas pode ser re visitado. Podemos ver, mesmo reviver em simuladores de sonhos, todos os momentos passados. A vida virtual foi a revolução das nossas vidas.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Steler
- Mudança social.
A partir dai passamos a ter duas vidas que estimávamos e que queríamos ver preservadas.
A realidade virtual permitiu-nos realizar muitos sonhos, e tornou as nossas vidas muito ricas em termos do que podíamos vivênciar numa vida.
Então outros desafios ganharam uma importância maior. Tínhamos harmonia social e física. Pensou-se que era o fim da vida, tudo estava conseguido, tinha-se a vida que se queria, onde se queria á distancia de um clic.
Mas restavam outros desafios, era o fim de um capitulo da vida e o inicio de outro. Há sempre uma outra onda para conquistar, um outro poema por escrever, há sempre desafios que nos alimentam a vontade de viver. Ter o básico em harmonia é essencial, mas outras grandes conquistas estão por realizar. A partir dai crescemos e evoluímos como seres a custa das vivências e da maneira como vamos aprendendo a superar obstáculos, da maneira como vamos aprendendo com as tentativas e os erros.
E foi de tentativa e erro que o desafio da AI viveu. A certa altura a AI ganhou a grande importância. Tornou-se um grande desafio. Conseguíamos ou não gerar seres de inteligência artificial?
É aqui que o relato que te estamos a fazer ganha importância fulcral.
AI. Tantas tentativas, tantos erros e tudo falhanços. A explosão da centelha da inteligência num ser particular tem algo que nos ultrapassa, que ultrapassa a nossa compreensão. Como nos ultrapassa a razão porque viemos a este mundo, quem criou a realidade primária, como a criou, e como fez disparar as coisas na origem.
No entanto nós a certa altura conseguimos recriar replicas exactas da realidade primaria nas suas fases de desenvolvimento. Recriar, com as suas leis, a realidade biológica e animal em determinada altura da sua evolução é mais fácil que a criar no inicio a partir do nada. Foi por ai que seguimos.
Recriamos o nosso mundo natural a partir das eras primarias que conhecíamos, a partir das eras jurássicas de Zion. Conseguimos isso no virtual. A partir dai organizamos as coisas para que a evolução seguisse o seu curso. Esperamos e fizemos decorrer o livro de Darwin no virtual como se fosse o real. Esperávamos. Talvez assim a inteligência virtual nascesse outra vez espontaneamente num milagre como tinha acontecido com os Hurse na realidade primária. Talvez o que nos escapa no criar da AI seja mesmo o milagre da vida em si. É espontâneo, tem algo de misterioso, de inatingível. Mas se se cumprirem determinadas exigências evolutivas, acontece.
Foi assim que esperamos que acontecesse. O mundo jurássico desapareceu, os mamíferos dominaram. A linguagem falada surgiu, desenvolveu-se, veio o ser de inteligência, e a consciência planetária. Qual seria a palavra, naquela primeira vez que nomeariam o seu planeta, como lhe chamariam? A nossa apreensão era grande.
Para gerarmos AI deixamos as coisas acontecer por si, pelas regras evolutivas que conhecíamos da nossa realidade primordial, sem a nossa intervenção directa. Deixamos a vida entregue a si e ela encontrou o caminho.
Depois do jurássico, dos mamíferos, de uns seres peludos que viviam nas arvores, e tinham a segurança para descontrair e puxar pelos miolos.
Estes já distinguiam as coisas. Mas só saia “uh, uh”, ou então prolongavam o som, “uhhhhh”.
Depois com passar do tempo as palavras foram surgindo. Quando se começaram a aventurar no solo, quando se começaram a organizar em grupos para caçar, em grupos para se defenderem, em grupos de exploradores, em grupos de nómadas re colectores á procura de um melhor local, o cérebro foi crescendo, e com o crescimento deste a consciência foi despertando.
Foi como no milagre da vida. E foi ai que percebemos. Deixamos de ter mão, controlo e previsão nos acontecimentos provocados pelas relações deles. A partir dai tinham luz própria. Não era mais o leque limitado da alma animal, tornou-se mais que isso. Aquele ser tinha luz própria, percebia o que era o caminho das coisas e desenvolvia discernimento para tomar boas opções, para inventar opções.
Tentava fazer bem, tinha as suas fraquezas, errava, mas aprendia com os erros.
E assim vimos o crescimento da inteligência, a profunda habituação ao real, ao físico.
No inicio qualquer concepção de virtualidade era uma coisa muito estranha para ele. Descobriu o mundo da imaginação, mas não havia hipótese de se confundir as coisas. O imaginário era o imaginário, o real era o real. O mundo esteva estruturado fisicamente, o ponto aceite era aquele, tudo o que ia para além disso era mito, era sobrenatural, religião.
Foi assim que se foi desenvolvendo a nossa magnifica cria, os nossos filhos virtuais. Não conseguimos criar um ser AI isolado, tivemos de recriar todo o seu mundo e a sua prole. Só assim, na interacção daquilo tudo, da vida em si, só assim a sua inteligência tem sentido.

Steler
- criamos um mundo com leis, e o desenvolvimento das coisas segundo essas leis. Os quadros de situação avançavam. Na historia natural, um dos seres animais torna-se racional, evoluiu para um nível de consciência. O ser que vimos desenvolver-se cresceu sem saber de nós. Entendeu as coisas de pontos de vista populares, religiosos, filosóficos e científicos. Ele está agora maduro e em dialogo com o seu criador.

quinta-feira, 4 de março de 2010

(Quarta Parte)



WINDS OF CHANGE
Azuion
- O original continua,... por umas centenas de páginas, a desenvolver estas ideias. É uma longa dissertação. Mas mudou o nosso mundo.
Ruff
- na nossa net, nas redes sociais, formaram-se os grupos de cidadãos consumidores, que cresceram, cresceram. As tantas já não podiam ser ignorados. As maiorias nos grupos sociais de consumidores começaram a ter cada vez mais força, e as maiorias queriam implementar as regras do projecto Care.
Clovin
- o poderes económicos e políticos instituídos tentaram suster a mudança. Mas logo perceberam que o esforço era em vão. Teriam de se adaptar as novas regras se queriam sobreviver. Os Hurse unidos tinham tomado conta do seu mundo, resgatando-o das mãos dos ego poderosos que só o tinham sido até ai porque tinham sabido dividir para reinar.
Steler
- tudo mudou a partir dai. Os partidos tradicionais desvaneceram-se. Os programas bi anuais de governo passaram a ser elaborados por cidadãos voluntários. Vários programas se apresentam para serem discutidos e sufragados. Depois de escolhido o programa de governo, apresentam-se equipas de governação, muitas delas multi partidárias. Apresentam-se como as mais aptas a executar o programa escolhido. Depois das Grandes discussões irem a sufrágio, escolhemos os homens que as vão executar. Passamos a eleger assim os nossos governantes de três em três anos.
Ruff
- um dos cidadãos apresentou a ideia que acabou com o desemprego. Em situações de recurso, em vez de subsistidos de desemprego ou pensões de sobrevivência, os Hurse passaram a receber vencimentos de recurso trabalhando 4 horas como funcionários municipais. Os municípios levavam continuamente a cabo serviços de manutenção regulares. Havia sempre algo a reparar, a tratar, a ajardinar, a cuidar. Isso levou a uma revolução na política escolar. Juntamente com a introdução dos manuais em formato de video jogos, veio também uma revolução na formação pratica dada desde cedo a cada criança. Nas escolas, o objectivo ultimo da educação era o despertar da razão e da consciência, do livre pensar, e o abrir da porta no caminho para a iluminação. Meio dia era teórico, meio dia era pratico. No meio dia pratico aprendiam-se os rudimentos dos serviços manuais de manutenção e bricolage. Electricidade, canalização, jardinagem, carpintaria, ... cada jovem no fim da sua carreira no secundário, se for preciso numa altura de desemprego durante a sua vida adulta, está a apto para iniciar como ajudante em alguns dos vários trabalhos de manutenção dos municípios. Esse jovem vai empregar-se no sector privado, pois no sector privado ganha melhor. Em crises, em situações de desemprego, não temos subsidio de desemprego. Temos os part times de recurso, os trabalhos de manutenção dos municípios que garantem a sobrevivência mínima das mínimas digna a qualquer Hurse.
Azuion
- Porque Zion apresentava sinais de graves alterações climáticas, e porque o projecto Care visava fortemente re equilibrar o planeta, também naquele momento abraçamos uma revolução energética. Começamos a converter os motores dos carros para electricidade. Cada família produzia a sua energia para casa e para os seus veículos. Passou a haver painéis foto voltaicos em todos os telhados e jardins. Tivemos de olhar de frente para o que tínhamos de fazer. Foi o passo para aquilo que vocês na Terra chamam as energias da terceira vaga.

SONGS OF FREEDOM
Cat
- há que falar também na visão religiosa de Vicente. Ela foi um elemento essencial naqueles tempos de mudança. Vocês tem um texto Chamado Songs of freedom que refere aproximadamente os aspectos da visão religiosa de Vicente.
Ruff
- sim, teve grande importância. Tomando como exemplo o vosso texto do génesis, antes de Vicente nós víamos as coisas como se o sétimo dia já tivesse acontecido. Depois de Vicente passamos a ver as coisas como se o sexto dia estivesse a decorrer. O sétimo dia ainda não tinha chegado. Tinha de ser conquistado por nós. O sétimo dia é que era céu, era o mundo de Deus concluído, era a nossa “Terra prometida”. Com o sexto dia a decorrer Deus já não podia fazer nada pelos Hurse. Concluir o sexto dia era de nossa escolha e responsabilidade. A partir do momento em que despertávamos a nossa consciência e o nosso livre pensar Deus já não nos podia obrigar a sermos a sua imagem e semelhança. Nós seriamos, se realmente o quiséssemos, e lutássemos por isso. Era nossa a escolha de querermos ser livres.
Steler
- o nosso mundo era de uma maneira, era como o vosso é agora. Depois tudo mudou. Um outro paradigma existencial foi escolhido por nós em termos globais. Decidimos que queríamos caminhar em conjunto para ali. Com o projecto de desenvolvimento todos ficavam a ganhar, e assim fizemos a transformação.
Azuion
- A revolução energética deu realmente o salto para a terceira vaga. O grau um de necessidades foi conquistado para todos os Hurse. Conseguimos construir um andróide para nos ajudar. Um andróide que executava qualquer tarefa até grau 4 de dificuldade.
Cat
- resolvemos o problema material. Deixou de haver sofrimento por falta de dignidade ao nível do grau 1 de necessidades. Mudamos o nosso mundo naqueles anos.
Clovin
- formou se a coligação dos países com armamento nuclear. Criou-se na nossa Organização dos Estados (que é similar a vossa organização das Nações Unidas) a Carta dos Estados. Estes eram tratados segundo 3 diferentes patamares. As democracias laicas consolidadas, os Estados religiosos e os Regimes ditatoriais, passaram a ser tratados com normas diferentes. A coligação Nuclear Mundial, juntamente com a Organização dos Exércitos Unidos tinha como papel principal, assegurar a inviolabilidade das fronteiras de todas as democracias laicas consolidadas.
Azuion
- a declaração universal também foi muito importante.
“ Os Hurse nascem tutelados. Desde a sua mais terna idade todos tem direito ao nível 1 de necessidades garantido. Cuidados de forma digna tornam-se crianças onde desperta sensibilidade e inteligência. Desenvolvendo-se de forma salutar encontram mais tarde ou mais cedo o pensar próprio. Encontrados com sua razão e consciência, levando em conta a voz do seu coração, tornam-se Hurse adultos. Emancipam-se da tutela e tornam-se livres. “
(Terceira Parte)







NEO SQUAD


Cat
- um ano depois de do nosso 2008, um Livro chamado Neo Squad relançou as bases do nosso antigo mundo, para o tornar como o conhecemos hoje.

O biólogo já estava com um tablet nas mãos, mostrou a Jules a capa do livro.
- Com palavras mais simples, mais ou menos nestes termos, ele fala o seguinte.
“...
Enfrentar o que é difícil. De uma vez para sempre. Dirigir bem o nosso submarino, para ele não ir desgovernado. Enfrentar as grandes batalhas do nosso tempo. É necessária coragem, muita coragem e discernimento da nossa parte. A união, a união dos Hurse como um só povo. Unidos escolhemos quem vence e quem perde.
Nós criámos todas as grandes e pequenas multinacionais com o que consumimos. A verdadeira força de uma empresa está na nossa escolha de consumo. O valor de cada produto comercial está no nosso acreditar. Em ultima instancia, nós é que delegamos dimensão ás grandes casas comerciais. Nós, juntos, fazemos o mundo. decidimos quem vence e quem perde. Em ultima instancia o poder está na união dos Hurse. E como na soberania política. Na Economia, a soberania também está nos consumidores. Os consumidores elegem um produto para ser forte, ou não. Há muitos produtos no mercado que são fortes e não valem o que custam. São equívocos da nossa parte, como aconteceu com os papeis tóxicos. Elegemos esses produtos porque tomamos as nossas decisões de consumo e de investimento individualmente, e muitas vezes, individualmente estamos ou somos mal informados. Com a consciência que a nossa união no consumo de determinado produto lhe dá dimensão, podemos nos organizar, esclarecer, e dar a dimensão aos produtos que realmente valem a pena.
Na nossa ultima crise Financeira os papeis tóxicos abalaram o mundo. nasceu um mundo novo há um ano atras. Morreu um mundo velho. O mundo que temos perante nós é um recém nascido que ainda não conseguimos resgatar dos cuidados intensivos. O novo mundo será o que fizermos dele, porque é novo, todas as possibilidades ainda estão em aberto. Será o que fizermos dele a partir daqui. Estivemos a beira do abismo, aquele mundo padeceu e agora o mundo é outro.
Nos mercados mandamos nós, os Hurse. Nós é que mandamos nas bolsas, nós é que mandamos no dinheiro. Juntos escolhemos, firmas abastadas, firmas aflitas.
No entanto, até agora, temos todo esse poder sem consciência dele, sem o gerir a nosso favor. Até agora não utilizamos todo esse poder de uma maneira inteligente. E podemos gerir o nosso capital de uma maneira mais equilibrada e transparente. As grandes companhias são nossas. Sem nós não são nada. Então vamos junta-las todas, criar com elas uma Corporação com um objectivo comum. Ver quanto valem juntas. Esse é o capital que nós temos. Apura-se todo o capital que há. O que de quem particularmente, o que é de determinada firma comercial, o que está em disputa entre partes. Depois afixa-se tudo publicamente. Não para causar invejas, mas para ver se todos os ganhos são declarados, se não há sacos azuis, e para acabar de uma vez por todas com a corrupção e o enriquecimento ilícito. O que cada um tem todos sabem, se cresce muito de repente tem de haver uma explicação. É legal? Foi declarado? Se sim, está tudo bem.
É nossa a soberania em relação ao capital comercial. A união dos consumidores é soberana. Inteligentemente podemos gerir o nosso dinheiro e as nossas empresas, fazendo com que elas, com os seus lucros, financiem o desenvolvimento social de todos os Hurse. As grandes empresas, a partir do momento que atingem determinada dimensão passam a estar noutro patamar e a ter uma responsabilidade social. Se não alinharem com isso deixam de ser grandes se nós o quisermos. As grandes empresas não existem para enriquecer os seus accionistas e administradores. Existem para servir o nosso sonho comum. Quando juntos escolhermos um sonho, quando juntos escolhermos um caminho. Implementaremos esse quadro legal junto das grandes empresas. A sua licença de actividade advém de aceitarem o Trato Social, a sua responsabilidade, e a razão de nós as termos tornado grandes.


WORLD CARE

Proponho para discussão uma alternativa ao que está implementado. Proponho o caminho do Projecto Care. A criação de um novo Fundo Mundial chamado Fundo Care. Faremos dos lucros mundiais base para prover o Fundo Mundial de Desenvolvimento. O Fundo Care vai fazer o que o FI (o nosso equivalente ao vosso FMI. Salientou o biólogo) não fez. O FI falhou. O Fundo Care é uma alternativa ao FI.
Com os lucros das grandes empresas, que são nossas, alimentamos as necessidades do Fundo Care. As contas desse dinheiro publico, estarão sempre disponíveis para consulta popular. O fundo Care servirá para instituir o projecto Care. Com a transformação económica, na soberania do cidadão, política e económica, vem a transformação social. Unidos pela razão e pelo coração, sem sermos coagidos a, sem sermos obrigados por outrem, obrigamo-nos nós a nós mesmos a fazer as coisas como deve ser.
O projecto Care tem como objectivo provir todos os cidadãos mundiais de condições de existência dignas. O mínimo para ser Hurse, a dignidade. Nível 1 de necessidades a serem superadas. O projecto Care. Numa das suas duas vertentes essenciais, aponta para por todos os seres Hurse em níveis dignos de:
Alimentação, saúde, educação, habitação, vestuário e apresentação, ocupação, afectividade,
Quando todos os Hurse tiverem no mínimo a dignidade, então teremos conseguido realizar esta parte do projecto Care. Temos de re Fazer o mundo em torno disso.
A Dignidade dos Hurse.
As empresas crescem para alimentar o Fundo de desenvolvimento. Nós escolhemos quais as que deram mostras sinceras de cumprir a sua parte no acordo. Não é só o produto comercial que elege as grandes empresas. É uma simbiose entre a qualidade seu produto e a sua escolha política em relação ao pacto de desenvolvimento. Na Corporação Comercial Mundial, os grandes lucros são orientados para o Fundo Care. Este gere as investigações e os investimentos. O nosso fundo de desenvolvimento cresce e flui. Construímos habitações dignas, escolas, hospitais, formamos professores, médicos.
É melhor do que ver o nosso submarino á deriva com tantos egos capitães a dar ordens para seu lado. Ter um sonho comum, é melhor que não ter nenhum. Ter um sonho universal, em que todos saiam a ganhar. Até hoje pode ter sido impossível, mas amanha, quem sabe. Se não temos um sonho comum, temos de escolher um. Não podemos continuar como temos estado, navegando á deriva, ao gosto dos caprichos dos pastores que nos tem conduzido. Não, agora temos de pensar por nós, discutir as alternativas em conjunto e tomar as decisões. É tempo de agir. Neste momento não sabemos para onde vamos, mal sabemos onde estamos e temos uma vaga ideia de por ande andámos.
O projecto Care é uma alternativa, um caminho possível, uma proposta de reflexão. É difícil e muito ambicioso. Sim. Mas se começarmos vai ficando cada vez menos impossível. É difícil e tem uma outra dificuldade. Dar dignidade aos Hurse sem sugar Zion, sem destruir o amado planeta. O projecto Care são duas ideias. A Dignidade dos Hurse e a Harmonia Natural em Zion. Para conseguirmos conjugar os dois temos de nos conseguir entender e formar uniões fortes. Discutir as alternativas, sufraga-las e implementar as nossas escolhas.
O projecto Care faz das bolsas e dos mercados financeiros nossos instrumentos para o nosso projecto de desenvolvimento mundial. Nos mercados financeiros, o valor do dinheiro deixa de ser baseado na confiança simplesmente. O valor do dinheiro terá como base a confiança no projecto comum. Todo o edifício está montado com esse propósito. O mundo financeiro serve o projecto do desenvolvimento colectivo.

Azuion
- O original continua,... por umas centenas de páginas, a desenvolver estas ideias. É uma longa dissertação. Mas mudou o nosso mundo.
(Segunda Parte)



GALIC OCEAN 
Azuion deixou a forma que luzia e assumiu um corpo com cerca de um metro e oitenta de altura. Falou para Jules.
- este é o meu corpo habitual.
Jules olhou Azuion no seu corpo. Tinha tronco e membros como ele. Mas o rosto era diferente.
- nos os Hurse somos assim. Quando chegares a Zion estarão uns amigos á nossa espera. Querem muito te conhecer. Estás preparado para ir?
- Sim. Podemos partir.
- Fecha os olhos. Quando te tocar no ombro, ficas na dependência do meu feixe de tele transporte. Depois quando eu tirar a mão do teu ombro já lá estamos.

Quando Jules abriu os olhos encontrava-se num jardim típico japonês. Por trás dele estava uma casa e na sua frente, na continuação do jardim, uma falésia, e o mar.
- ali é a minha casa. Disse Azuion.
- Que sitio lindo. Qual o nome do mar?
- Oceano Gálico, o segundo maior de Zion.
- Estamos no hemisfério norte ou sul?
- Estamos no Sul. Num arquipélago de ilhas vulcânicas mais ou menos como vosso Havaí. Vem, vamos até lá dentro. Vem conhecer os amigos.


Azuion levou Jules para dentro de casa, até a sala, onde os amigos aguardavam por ele. Uma vez na sala Azuion disse.
- Jules, quero te apresentar. O Steler, a Ruff, a Cat, e o Clovin.
- Muito prazer. Disse Jules.
- Muito prazer Jules. Disse a Cat. Bem vindo a Zion. Não é muito diferente do teu planeta pois não?
- Tem uma tonalidade de luz um pouco diferente.
- Sim. A nossa estrela tem uma cadencia luminosa um pouco diferente da do vosso Sol. Disse Steler. Quando vires o nosso por do sol, vês que nesses momentos se acentua mais a diferente cadencia luminosa entre Zion e a Terra. De resto, em termos físicos são planetas quase idênticos. Há animais comuns aos dois planetas. Há espécies vegetais que também são comuns. Há animais que só existem em Zion, e animais que só existem na Terra. E com as espécies vegetais passa-se a mesma coisa.
- Vá biólogo, deixa isso agora para lá. Disse Ruff. Senta-te Jules, vamos conversar um pouco.
- Estou fascinado. Disse Jules. Quero saber tudo sobre vocês.
- Sim Jules. Disse Azuion. Contamos te tudo o que quiseres saber. Dispara.
- Ok. Como conseguiram chegar aqui, ao nível de desenvolvimento onde estão? Como conseguem viajar para galáxias distantes por tele transporte em segundos? Como conseguem assumir outra forma corporal? Para começar é o que gostava de entender.
- Azuion. Deixa-me começar. Disse o Steler.
- Podes. Assentiu Azuion.
Steler
- O nosso mundo natural é como o vosso. E a história dos Hurse também correu um pouco como a vossa. A determinada altura a nossa espécie deu-se conta que, apesar de dividida por diferentes nações, como cidadãos de Zion éramos um e o mesmo povo. A determinada altura demos conta que em relação ao planeta em si, éramos a sua inteligência viva e sua consciência. Juntos decidíamos sobre as coisas importantes do nosso mundo. A determinada altura compreendemos isso em nós. A nossa união, a nossa escolha comum era o verdadeiro poder do mundo. Juntos escolhíamos o nosso destino e o do planeta.


MEROVINGEN

Ruff
- estás te estás a adiantar. Isso veio depois da consciência de Merovingen.
Jules
- Merovingen?
Cat
- Merovingen é um conceito que define a encarnação do Espirito Imortal num povo particular durante um determinado período histórico. Quando vidas de indivíduos extraordinários se cruzam numa determinada altura, e desse envolvimento se realiza algo grande em conjunto
Azuion
- Segundo as nossa crenças há uma Espirito Imortal que acompanhou todo o desenvolvimento do mundo físico e depois o todo o nosso desenvolvimento como seres inteligentes. A certas alturas esse espirito chegou também a materializar se em indivíduos escolhidos. Mas em certas alturas encarnou colectivamente em cidades, povos e nações escolhidas. É quando encarna colectivamente que lhe chamamos Merovingen.
Ruff
- antes da consciência Merovingen, cada povo do nosso planeta que passava por isso, tentava de uma maneira ou outra, conquistar todos os outros povos. E perdia–se por isso. O vossos exemplos dos Franceses e dos gregos de Alexandre são mais que esclarecedores. Esses povos, a determinada altura estavam na vanguarda da civilização. Materializaram o Merovingen. Depois, no deslumbramento, nenhum deles esteve a altura, veio a vertigem, e a queda.
Clovin
- deixa que te diga Jules. Não foi só a consciência que somos a inteligência viva do planeta. Nem a consciência que o Espirito Divino se transfigura, e, sob certas condições se materializa e encarna em indivíduos ou povos escolhidos. Para além disso, a determinada altura tivemos a coragem de enfrentar realmente os problemas mais difíceis. Tivemos a coragem de re fazer o nosso mundo de novo. A certa altura o nosso planeta e o nosso povo viveu as mesmas crises que o teu mundo viveu e está a viver. A certa altura também tivemos um momento 2008. Foi a partir dai, do falhanço do ultimo grande sistema económico que conhecíamos, que reconstruímos tudo.
Jules
- como assim?
Cat
- um ano depois de do nosso 2008, um Livro chamado Neo Squad relançou as bases do nosso antigo mundo, para o tornar como o conhecemos hoje.

quarta-feira, 3 de março de 2010

(Primeira Parte)

MOINHO VERMELHONum fim de tarde, dia de Outono, Jules estava num terraço de um moinho desactivado. Gostava de ir para ali, e observar o imenso vale que se estendia a seus pés. Do topo do planalto, o terraço daquele moinho era um local magnifico.
Naquele dia Jules deixou-se ficar por ali, encantado com as tonalidades do lusco fusco e em pouco tempo se fez noite. Lembrou-se de um tempo em que estivera ali deitado no chão do terraço daquele moinho com uma antiga namorada. Eram dois que se amavam, de mãos dadas, a apreciar a beleza das coisas, deixando fluir o momento, a contemplar o céu estrelado.
Estavam deitados no chão do moinho e a certa altura viram uma luz tornar-se mais intensa. Depois essa luz pareceu aproximar-se deles. Ambos susterão a respiração, tentando sem resultado perceber o que se estava a passar. Tudo aconteceu muito rápido, mas naquele momento, em que a luz se parecia estar a aproximar, o tempo passou muito devagar. Depois, subitamente, a luz pareceu ter desviado a trajectória e sumiu-se repentinamente.
Jules e Geórgia olharam um para o outro, as primeiras palavras foram:
Jules – viste isto? A luz aproximar-se e depois a desaparecer muito rápido?
- sim
- foi real ou alucinamos juntos?
- o que seria?
- um Ovni?
- ou a nossa senhora.
Mais tarde, quando foram ter com os amigos disseram em tom de brincadeira que tinham visto a nossa senhora. Eram novos naquela altura, alucinação ou não, ninguém lhe deu grande importância. Desde ai vários anos tinham passado. Jules perdeu o contacto com Geórgia, e recordava agora aquele momento.
Aquela luz, a certa altura parece ter congelado o tempo. Naqueles breves instantes a alma fez uma viagem a um sitio sem igual, e ficou para sempre marcado dentro de Jules aquele encontro imediato.
Recordava agora aquela luz, ao som de Brothers in arms dos Dire straits, com os olhos perdidos na paisagem, e no seu peito emergiu uma emoção muito forte.
Quando veio a altura de ir jantar, Jules desceu as escadas exteriores do moinho. Vinha em paz, de alma lavada, e dirigiu-se para casa. Sem saber porquê tomou o caminho mais longo e deixou-se ir em passeio pela orla do bosque.

O ENCONTRO
Quando ia quase a meio caminho viu um ser minúsculo a luzir uns metros á sua frente. Pensou que era um pirilampo o que estava na berma do caminho. Jules foi se aproximando lentamente cheio de curiosidade. Quando passou a seu lado, parou e tentou observar melhor. O pirilampo não se moveu. Luzia intenso e menos intenso alternadamente. Jules deu um passo para se aproximar e o suposto pirilampo avançou uns metros e deixou-se ficar. Jules estava cada vez mais intrigado. Tinha mais ou menos a ideia de como era um pirilampo, e aquela luzinha não lhe parecia um. Deu mais uns passos até ficar ao lado dela novamente. Desta vez não tentou aproximar-se da berma. Ficou a tentar perceber o que seria. Não lhe parecia um ser físico normal. O seu luzir emanava uma presença forte, um sentir espiritual profundo. Apesar de não terem trocado palavras, Jules e aquela luzinha pareciam ter encontrado um certo canal de comunicação. Havia um sentir partilhado, uma emoção forte que emanava da luzinha e do peito de Jules na mesma sintonia. Parecia um encontro de espíritos que falavam entre si por emoções, e se estavam a compreender sem palavras.

As tantas o espirito racional de Jules teve de formular uma pergunta.
- o que és tu? Pensou Jules.
Uma voz na sua cabeça disse – quem és tu?
Jules sentiu que aquela luzinha o estava a compreender.
Jules pensou - Aquela pergunta foi compreendida. Parece que ouves os meus pensamentos. Não tenho medo. Tudo isto é muito estranho. Se consegues falar não me vou assustar. Sinto a tua presença como se estivesse aqui uma pessoa, estás calma, como eu, estamos os dois tranquilos. Gostava que isto não fosse apenas uma alucinação da minha cabeça. Se virarmos agora costas, sem que tenhamos passado disto, nunca saberei se exististe ou não. No entanto, neste momento, és mais real que tudo o resto.
- quem és tu? Perguntou em voz alta.
- chamo-me Azuion.
Jules foi como que atingido por um relâmpago e deu um passo atrás e exclamou de admiração
- pela vaca sagrada, tu falas! Azuion. Gosto do teu nome. Eu sou o Jules. Muito prazer Azuion. Que fazes por aqui?
- gosto deste bosque. Vim até cá passear um pouco, contemplar o por do sol.
- não és daqui?
- Não, venho cá ás vezes.
- e vens de muito longe?
- sim, de muito longe mesmo.
- De muito longe mesmo? Tipo o quê, muito longe da Europa para a China?
- mais longe.
- como daqui para outro planeta?
- sim. Um planeta muito distante.

Azuion disse a Jules que a sua espécie eram os Hurse. Eram originários do planeta Zion situado numa galáxia muito distante da Terra. Zion em termos físicos era similar a Terra, com espécies vegetais, animais, oceanos, ilhas e continentes.
- são muitos os Hurse? Perguntou Jules.
- temos colónias em 247 planetas.
- minha nossa. Como nunca ouvimos falar de vós?
- ainda não tinha chegado o momento. Agora vocês estão a viver uma grave crise estrutural. A vossa primeira crise existencial global. Chegou o momento de ouvirem falar de nós. Queremos vos contar a nossa historia. Também passamos por graves crises estruturais globais. Talvez saberem o que aconteceu connosco vos ajude a encontrar o vosso caminho. Por isso estabeleci contacto contigo hoje. O nosso encontro de não foi casual. Sim, vim passear, mas sabia que ias estar por aqui. Já te tinha visto por aqui algumas vezes. Observei te e gostei do teu espirito. Hoje vim para te tentar abordar. Correu bem. Gostava de te convidar a vir conhecer o meu mundo.
- Agora?
- Sim.
- Agora?
- Temes algo em relação a nós?
- Não sei, devo temer?
- Percebo. Não há qualquer risco ou perigo para ti e para a Terra no que te estou a propor. Podes voltar a Terra quando quiseres. A viagem de ida e de retorno dura poucos segundos. O tempo que lá passares não conta aqui, quando voltares voltas ao aqui e agora, breves segundos depois.
- Sim. Azuion, vou contigo. Quero conhecer o teu mundo. Podes me levar. Estou preparado.